Paraná vai comprar radares meteorológicos com nova indenização da Petrobras

Paraná vai comprar radares meteorológicos com nova indenização da Petrobras

Paraná vai comprar radares meteorológicos com nova indenização da Petrobras 1000 667 Carlos Fenille

Além de intensificar o monitoramento das chuvas, os novos radares meteorológicos ampliarão o monitoramento ambiental de áreas como mangues e bacias costeiras. Esse recurso é fruto de uma decisão da Justiça Federal publicada nesta quinta-feira (06), após acordo que contou com a participação do Ministério Público do Paraná e Ministério Público Federal.

 

O Governo do Paraná, por meio do Instituto Água e Terra (IAT) e Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), vai aplicar R$ 90 milhões de uma indenização da Petrobras no projeto Monitora Litoral, concebido para melhorar o sistema de monitoramento de chuvas na região. Esse recurso é fruto de uma decisão da Justiça Federal publicada nesta quinta-feira (06), após acordo que contou com a participação do Ministério Público do Paraná e Ministério Público Federal.

O Simepar possui um radar meteorológico em Teixeira Soares, outro em Curitiba e um terceiro em Cascavel. Com o Monitora Litoral, este radar de Teixeira Soares será substituído por um mais moderno, um novo radar será instalado em Guaratuba, e um terceiro radar será instalado em local ainda a ser estudado. O monitoramento desta região vai permitir verificar sistemas meteorológicos se aproximando na divisa do Paraná com São Paulo e chuvas que vem do sul.

Além de intensificar o monitoramento das chuvas, os novos radares meteorológicos ampliarão o monitoramento ambiental de áreas como mangues e bacias costeiras. Serão instalados equipamentos para coleta de dados como nível do mar, altura de ondas, ressacas e correntes marítimas em Antonina, Morretes, Paranaguá, Pontal do Paraná, Guaraqueçaba, Matinhos e Guaratuba.

“O Monitora Litoral foi concebido em conjunto entre o IAT e o Simepar com o objetivo de ampliar a capacidade de enfrentamento a eventos meteorológicos extremos no Litoral do Paraná a partir da modernização da infraestrutura local de monitoramento, processos e sistemas, e a concepção de sistemas de alertas de desastres antecipados”, detalha Flavio Deppe, gerente de Inovação do Simepar.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) participará da etapa de concepção e desenvolvimento dos modelos de alerta do projeto, que irão monitorar, também, a BR-277, que liga a Capital ao Litoral.

“O radar do centro do Estado será de longo alcance, e é muito estratégico para sobrepor todos os outros radares. Ele fica em uma região que não tem obstruções e por isso tem um alcance de 250 km a até 400 km, abrangendo o monitoramento meteorológico dessa região e também de todo o Oeste, Região Metropolitana de Curitiba e Litoral”, explica o presidente do Simepar, Paulo de Tarso.

Foto: Roberto Dziura Jr/AEN

A indenização é resultado do vazamento de óleo diesel de Morretes até a Baía de Antonina após o rompimento de um poliduto, em 2001. O valor foi definido em um acordo judicial em 2012, e somente agora foi permitida a execução da quantia para aprimorar os sistemas de prevenção de desastres naturais.

MAIS RADARES – Este é o segundo projeto do Simepar beneficiado por indenizações da Petrobrás. Além do Monitora Litoral, já está em andamento o Monitora Paraná com a utilização de uma verba depositada no Fundo Estadual do Meio Ambiente pela Petrobras, como indenização por outro acidente causado pela estatal, desta vez no Rio Iguaçu, em 2000.

O Monitora Paraná prevê a instalação de outros três radares meteorológicos: um em Jandaia do Sul, outro em Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba, e um terceiro no Centro de Estudos do Mar da UFPR, em Pontal do Sul, no Litoral do Paraná. O monitoramento deles será sobreposto, o que vai auxiliar os meteorologistas a cobrir “pontos cegos” que apareciam nos mapas – obstruções físicas como por exemplo as montanhas da Serra do Mar.

A escolha pelo município de Jandaia do Sul também foi estratégica. “Esta era uma área que não tinha cobertura, e por ali passam sistemas de tempestades severas que se formam no Paraguai e vem para o norte do Estado causando inundações, deslizamentos, ou ventos muito fortes associados a granizo. É uma região muito atingida pelas secas e que irá implementar projetos de irrigação com apoio do governo do Estado”, detalha Tarso.

Ao longo de 2024 os estudos para o termo de referência dos editais foram concluídos pela equipe do Simepar. O Monitora Paraná terá a publicação do edital nas próximas semanas e a licitação, que será publica pelo IAT, deverá ocorrer ainda no primeiro semestre de 2025. No mesmo período será publicado o edital do Monitora Litoral.

As empresas concorrentes precisarão seguir critérios técnicos na qualidade dos equipamentos ofertados e também na instalação. Para cada radar será necessária a construção de uma torre acima de 30 metros, em local sem obstáculos e sem interferências. A antena do radar precisará ser protegida por uma redoma.

Segundo o secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza, o Paraná já iniciou o processo de utilização deste recurso. “Estamos cumprindo com etapas para chegar nas aquisições e instalações dos equipamentos o quanto antes, para disponibilizar as informações que vão nos permitir tomar decisões melhores. O Paraná inteiro será beneficiado pois teremos uma cobertura muito grande. Seremos o estado brasileiro com a melhor cobertura de radares para previsão hidrometeorológica”, comemora.

INDENIZAÇÃO SOBRE O RIO IGUAÇU – Além do Monitora Paraná, a Justiça Federal autorizou o Paraná a executar R$ 586 milhões para financiar projetos de reparação ambiental no Estado com recursos da indenização do incidente no Rio Iguaçu. Do total liberado, R$ 346,5 milhões (59%) serão usados em 23 propostas apresentadas pelo IAT em ações de monitoramento, fiscalização, drenagem e reestruturação de equipamentos, entre outras.

A liberação para uso imediato de parte da verba é resultado de diversas reuniões de consenso que envolveram também o Governo do Paraná e os Ministérios Públicos Estadual e Federal. O valor total da verba compensatória depositada em juízo pela Petrobras, com juros e correções, é atualmente de aproximadamente R$ 1,2 bilhão.

Dos projetos apresentados pelo IAT e aprovados pela Justiça, 12 já receberam a liberação dos recursos para a formatação de convênios, como a reestruturação dos viveiros do Paraná Mais Verde e a implantação de três novos parques urbanos. Já os 11 restantes foram aprovados com condicionantes, ou seja, necessitam de algumas adequações antes da liberação dos recursos.

O IAT também vai aplicar R$ 40 milhões na implantação, ampliação, proteção e estruturação de Centros de Apoio, Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), responsáveis por prestar um atendimento fundamental à fauna silvestre vitimada no Paraná. O investimento servirá para a implantação de quatro novos centros no Estado (Curitiba, Londrina, Litoral e região Oeste), além da reestruturação dos dois Cetras existentes (Ponta Grossa e Guarapuava) por meio da aquisição de equipamentos e veículos.

Como parte do acordo de indenização, os projetos aprovados também beneficiarão as áreas mais afetadas pelo desastre ambiental, como a Bacia do Alto Iguaçu, onde será feita a implementação de três novos complexos do projeto Parques Urbanos do IAT, que proporciona ao mesmo tempo espaços de lazer para a população e a recuperação de áreas degradadas.

 

 

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